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Apresentamos a exploração nº1 em desmamados por porca produtiva por ano da Topigs Norsvin em 2023

A Quinta do Cabo, a exploração de TN70 nº1 em 2023 com 34,26 desmamados por porca produtiva por ano e um consumo anual de 36,60 Kg de ração de reprodutoras por leitão desmamado, é uma exploração pertencente à empresa Suigranja desde 1999. Está em funcionamento há 25 anos como uma exploração suinícola, uma vez que antes não funcionava como tal. Desde dessa altura que trabalha com um efetivo de reprodutoras de cerca de 560 porcas em bandas semanais de 25/30 porcas e com uma secção de engordas que deixará de existir brevemente, ficando a exploração a criar leitões só até às 10 semanas de vida. Esta exploração conta com 6 colaboradores permanentes e com o apoio técnico, pelo menos uma vez por semana, do Engenheiro Nuno Valadares ou o do Engenheiro Carlos Filipe. Este último trabalha no Grupo Suigranja há 25 anos e acompanha a Quinta do Cabo desde o seu início, respondendo com simpatia à nossa entrevista.

TN: Bom dia Engenheiro Carlos Filipe e parabéns pelo prémio. Pode explicar-nos sucintamente que tipo de exploração é a Quinta do Cabo e qual é neste momento o estatuto sanitário da exploração?

Eng. Carlos Filipe (CF): É uma exploração intensiva convencional indemne de Aujeszky (A4), com a grande vantagem de estar completamente isolada e de ser negativa a PRRS.

TN: Qual a vantagem direta que veem no estatuto sanitário da exploração e qual a influência das medidas de biossegurança nesse estatuto?

Eng.CF: É uma exploração muito mais estável, o que ajuda na adaptação das porcas novas uma vez que não se corre o risco de se infetarem de vírus PRRS e assim voltar a haver recirculação na exploração. Tem uma mortalidade um pouco mais baixa na engorda, em relação às explorações do grupo, mas o que realmente a distingue das outras, uma vez que todas as explorações se têm mantido estáveis através da vacinação ao longo dos últimos anos, será mais a parte económica e de mão-de-obra uma vez que não têm de vacinar porcas e leitões de PRRS.

Em termos de biossegurança tentamos trabalhar da mesma maneira em todas, apesar das outras serem PRRS positivas. Tentamos cada vez mais segregar porcas e leitões do que são engordas. Temos muito cuidado com todos os perigos identificados relativamente aos transportes, nomeadamente não permitir o transporte dos nossos animais em camiões que venham de matadouros para explorações que tenham porcas. Diferenciamos esta exploração das outras quando distribuímos porcas, esta é sempre a primeira a receber. Em relação ao fator humano o maior perigo somo nós (Eng. Nuno e Eng. Carlos) que andamos em outras explorações. No entanto também este perigo está bem identificado e salvaguardado na forma como nos comportamos, ou seja, temos as preocupações diárias de levar sempre roupa diferente, calçado diferente, banho, vazio sanitário, etc.

TN: Numa altura em que se fala muito na importância do maneio das futuras reprodutoras, e sendo que recebe F1’s de uma multiplicadora de alta sanidade, qual o maneio utilizado até entrarem em produção?

Eng.CF: Durante a fase de quarentena (6/7 semanas) fazemos o programa “normal” de vacinação, tentamos adaptá-las ao microbismo da exploração através de fezes de porcas de maternidade/ gestação, a sua alimentação é feita com ração de futuras reprodutoras num sistema ad libitum e começamos logo a detetar cios e a realizar registos. Após a quarentena, passam diretamente para parques em gestação onde começam a comer uma ração adaptada à fase reprodutiva e começamos a controlar a alimentação. Como não usamos hormonas, continuamos a detetar cios nos parques para as inserirmos em celas individuais junto das porcas mais velhas pelo menos 15 dias antes do cio, sendo que nessa fase de adaptação às celas fazemos um flushing com dextrose. No início da introdução da TN70 foram feitas muitas pesagens à inseminação o que nos permitiu treinar o “olho” e assim selecionarmos as porcas à inseminação com o tamanho e peso ideal (+/-170 Kg).

TN: Atualmente sabemos que o que pode fazer uma grande diferença no maneio reprodutivo é uma alimentação de precisão das porcas. De que forma trabalham este fator?

Eng.CF: Fazemos o que achamos normal, ou seja, após o desmame fazemos um flushing até à altura da inseminação, altura esta em que restringimos a alimentação. Depois deste período definimos a quantidade de ração adequada à condição corporal de cada porca de forma que elas recuperem. Este trabalho é continuado ao longo de toda a gestação e é feito uma vez por semana com as porcas todas em pé de maneira a se conseguir avaliar corretamente e adaptar a condição corporal à fase de gestação em que se encontram: 1º terço recuperação, 2º terço manutenção e 3º terço um ligeiro flushing, isto para porcas a partir do 2º ciclo, tendo sempre como base as curvas de alimentação recomendadas pela TN. No caso de porcas de 1º ciclo a curva é diferente havendo sempre um incremento de alimento ao longo de toda a gestação. Como trabalhamos com caixas doseadoras, vemos a densidade da ração pesando cada lote novo que chega e sabemos a quantidade de alimento a que cada parte do volume da caixa corresponde.

Na maternidade, em termos de alimentação, também tentamos usar uma curva muito similar à recomendada pela TN, distribuída em 3 refeições/dia, contando aqui muito com a sensibilidade do tratador para olhar para a porca e fazer os aumentos de alimentação consoante as necessidades de cada uma.

TN: Qual o fator mais diferenciador da exploração para as outras que conhece?

Eng.CF: As pessoas. Podemos ser os melhores técnicos possíveis, mas se não tivermos colaboradores que estão todos os dias na exploração a pôr em prática o que lhes é ensinado, ter as suas próprias iniciativas e uma grande sensibilidade para enfrentar as diferentes situações, torna-se tudo mais difícil. Neste caso temos um casal com muito experiência que já trabalha connosco há muitos anos que não só consegue pôr em prática o que referi, como têm vindo a conseguir ensinar e formar equipas ao longo dos anos, o que tem sido fundamental para o sucesso da exploração.

TN: A introdução da TN70 na vossa estrutura foi desafiante? Veio influenciar os resultados positivamente?

Eng.CF: Não, não foi complicado. Claro que houve uma fase de adaptação às porcas principalmente na alimentação, mas rapidamente se afastaram os receios iniciais às questões que nos preocupavam (o aumento de coxeiras, dificuldades de adaptação ao calor ou dificuldades na deteção de cio). Em relação, aos cios, como mantivemos sempre o trabalho que vínhamos a ter com a T40, como a deteção de cios logo na quarentena, programar a entrada de porcas pelos cios detetado ou não inseminar porcas com menos de 34 semanas, nunca tivemos problemas de adaptação neste sentido nem de mudar qualquer tipo de maneio. Tivemos sim de mudar o critério na observação dos animais e habituarmo-nos ao que é uma porca com maior perda de condição corporal e adaptar a quantidade de alimento à fase produtiva e à condição da porca. Acabam por ter consumos de ração mais altos, mas no final obtemos um valor de Kg de ração/ porca/ leitão desmamado ano mais baixo, que no fundo é o que interessa. Temos uma porca mais eficiente, que veio, sem dúvida, influenciar positivamente os resultados.

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