UTILIZAÇÃO DE CAMA DE SERRADURA PARA ALOJAMENTO DE VARRASCOS: CONSIDERAÇÕES II

A serradura também pode ser portadora de certos agentes patogénicos tais como Mycobacterias e Salmonella (Matlova et al. 2004).

Portanto, é importante que a serradura provenha de madeira que não tenha sido tratada com produtos químicos, que tenha sido submetida a tratamento térmico e procurar fornecedores que possam certificar que trabalham com madeira virgem.

Além disso, podemos submeter a serradura a controlos de qualidade para verificar a ausência de Fenpropimorph e/ou níveis de micotoxinas.

– A ingestão de serradura pelos varrascos pode causar lesões estomacais, obstrução e em alguns casos a morte do animal. Esta ingestão pode ser reduzida através da disponibilização de brinquedos (correntes, bolas, etc.) aos varrascos. Para casos muito severos de varrascos com elevada tendência para ingerir serradura, podem ser colocados em parques sem serradura.

– Corpos estranhos. Nas serrações e carpintarias, a serradura e as aparas de serradura são recolhidas utilizando sistemas de vácuo, a fim de acelerar o processo. Neste trabalho é fácil sugar corpos estranhos, que se ingeridos podem prejudicar os nossos animais, bem como se forem pisados.

– Espessura da cama. Embora a espessura da cama possa ser menor, recomenda-se que seja de pelo menos 50 cm. Isto irá reduzir os tempos de trabalho, prolongar a vida útil da serradura e promover o bem-estar dos varrascos. A frequência da mudança, para além da espessura da cama, dependerá também da idade do animal (os animais jovens produzem mais urina devido ao nervosismo, excitação e maior metabolismo em comparação com um adulto), da estação do ano (no Verão consome-se mais água) e da raça (os varrascos duroc crescem mais lentamente do que um sintético ou um pietrain, o que os faz produzir uma maior quantidade total de chorume).

Na AIM Ibérica optámos por este sistema de alojamento para os nossos 1.900 varrascos. Devido às vantagens que oferece, tanto em termos de bem-estar animal como de conforto para os varrascos.

Isto resulta em qualidade seminal e produtividade ao longo da sua vida útil (em média 18 meses no Centro de Inseminação Artificial para aproveitar ao máximo o progresso genético) e contribui para a redução do uso de medicamentos.

Bibliografia:

– Matlova L, Dvorska L, Palecek K, Maurenc L, Bartos M, Pavlik I. Impact of sawdust and wood shavings in bedding on pig tuberculous lesions in lymph nodes, and IS1245 RFLP analysis of Mycobacterium avium subsp. hominissuis of serotypes 6 and 8 isolated from pigs and environment. Vet Microbiol; 2004, Sep 8;102(3-4):227-36. DOI: 10.1016/j.vetmic.2004.06.003.

– Montibus M, Vitrac X, Coma V, Loron A, Pinson-Gadais L, Ferrer N, Verdal-Bonnin MN, Gabaston J, Waffo-Téguo P, Richard-Forget F, Atanasova V. Screening of Wood/Forest and Vine By-Products as Sources of New Drugs for Sustainable Strategies to Control Fusarium graminearum and the Production of Mycotoxins. Molecules; 2021. Jan 14;26(2):405. DOI: 10.3390/molecules26020405.

– Schulze M, Hensel B, Schröter D, Leiding C, Jung M, Lautner M. Reprotoxic effects of fenpropimorph on the fertilizing potential of AI boars: A case study. Reproduction in Domestic Animals; 2022 Mar;57(3):337-340. DOI: 10.1111/rda.14062.

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